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Dia desses uma notícia no portal que coordeno, o A TARDE, sobre um bebê atingido pela mãe com tesouradas, causou polêmica entre alguns colegas. O motivo? A foto do chinesinho, que se recuperou, depois da cirurgia.
Em outro caso, um vídeo sensual de uma cantora também foi criticado pela nudez. Entrava em cena, mais uma vez, o moralismo pequeno burguês e classe média. Até onde pode ir o jornalista nesses casos?
Haveria algum inconveniente em colocar uma imagem aparentemente chocante num portal? A meu ver, não, mas, para alguns, reproduzir fotos ou vídeos que milhares de portais também tinham fere princípios “morais” do jornalismo.
O que a maioria não percebeu é que a balança do poder entre o cidadão e o profissional de comunicação descompensou. Não cabe mais aos jornalistas, decidir o que o sujeito do outro lado vai ver ou não, baseado apenas numa moral difusa e pessoal.
O jornalismo perdeu o poder de decidir sozinho, baseado nos princípios morais do jornalista, o que sai e o que não sai. O cidadão agora é quem decide o que quer. Cabe a nós, profissionais da área, usar ferramentas para identificar isso.
O Analytics, do Google, é uma delas. E sei disso porque a notícia do bebê chinês foi a mais vista do dia (talvez até do mês). E a origem do tráfego era mundial, com acessos de internautas de todo o Brasil e de outros países.
Evidentemente há uma linha entre o que é ético e o que não é (e os programas marrons da TV brasileira mostram todo dia como ela é ultrapassada). A ética continua valendo, mas a censura moralista não tem mais vez.